quinta-feira, 9 de maio de 2024

Como o vegetarianismo e o veganismo estão impulsionando a inovação na indústria?

Hambúrguer de grão-de-bico, carne de soja, leite vegetal, proteína de ar. Um mundo plant-based, como dizem. Se você faz parte das 50 milhões de pessoas vegetarianas ou veganas no Brasil, como estima a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), está por dentro de um vocabulário (e um cardápio) novo que vêm sendo construídos a partir de inovações em alimentos para atender a essa demanda crescente.
As novas necessidades desse grupo de consumidores têm impulsionado a inovação na indústria de alimentos. Um bom exemplo é a NICE Foods, fundada em 2019, por Paola Stier, de 29 anos, e Thiago Lorusso, de 36 anos. A empresa desenvolve laticínios vegetais concentrados, com ou sem glúten, sobretudo a base de aveia e castanha de caju.
Vegetariana desde os 14 anos, Paola adiou a vontade de ser vegana pela restrição de opções no mercado. "Fizemos uma viagem e vimos que lá fora o mercado estava extremamente desenvolvido. Aí que vi o quanto o Brasil tinha para evoluir nesse sentido”, conta.Se a falta de oferta adiou uma escolha pessoal, não foi diferente quando o casal resolveu empreender no setor de alimentos. Também foi um desafio encontrar ingredientes livres de proteína animal.
“Era muito difícil encontrar fornecedores que tivessem certificações e produtos adequados, que conseguissem chegar no mesmo padrão de qualidade de ingredientes de produtos animais”, relembra Paola.
Serendipidade é a palavra usada pelos empresários para descrever a NICE Foods, porque foi no esforço de inovação para achar um substituto vegano ao espessante de sorvete, primeiro produto lançado por eles, que a dupla constatou o potencial do leite de castanha de caju. O concentrado em forma de pasta era para ser um insumo, mas se tornou o carro-chefe do negócio: o NICE Milk, que viabilizaria o lançamento de vários outros produtos da marca.
A produção própria do insumo virou um ativo de crescimento, independência e distinção da marca no mercado. “Foi uma sacada porque a gente conseguiu crescer e ganhar notoriedade com méritos próprios. Fomos pioneiros nesse modelo aqui no Brasil. E ele tem seu impacto, porque os nossos consumidores mudaram mesmo os hábitos de vida”, avalia Paola.
O concentrado dá múltiplas possibilidades de uso ao consumidor, que, a partir de um produto só, pode fazer do leite ao creme de leite, como a própria marca ensina a fazer.

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