Apple se retrata após revolta de artistas por campanha do novo iPad, criticada por ‘esmagar a arte’
Após uma onda de críticas de artistas e usuários de redes sociais, a Apple foi obrigada a se retratar por um anúncio da nova linha do tablet Ipad mostrando instrumentos musicais e materiais como tintas e argila, usados para criar arte, sendo esmagados por uma prensa metálica. O ator britânico Hugh Grant está entre os famosos que protestaram contra o anúncio batizado de Crush: “destruição da experiência humana, típico do Vale do Silício” escreveu o ator no Twitter / X. O filme de pouco mais de um minuto foi postado nas redes sociais no dia 7 de maio por Tim Cook, CEO da Apple, enfurecendo artistas e pessoas do meio cultural. Em comunicado divulgado dois dias após a postagem, Tor Myhren, vice-presidente de marketing da Apple, disse que a mensagem do anúncio “errou o alvo”. A ideia de usar a prensa esmagando os objetos icônicos usados na criação artística tinha como objetivo salientar a espessura da nova linha do iPad e seu alto poder de processamento, capazes – na visão da Apple – de substituir os instrumentos tradicionais e facilitar a vida dos criadores. No momento em que a letra da música de Sonny e Cher usada no vídeo fala “Dê-me uma razão para construir meu mundo em torno de você”, a prensa termina de esmagar os objetos. O iPad surge quando ela se abre novamente.
O filme termina com o título da canção: “tudo o que eu sempre precisei foi você”. Isso irritou os que viram no roteiro um desrespeito às formas tradicionais de criar arte. Na resposta, publicada na quinta-feira (9), dois dias depois de o vídeo da campanha ir ao ar, Myrhen diz: Na legenda que acompanha o vídeo no YouTube, a Apple descreveu a performance do novo produto usando a palavra outrageous, que segundo o dicionário Merrien-Webster pode ter o significado de algo além dos limites, no bom sentido. Mas as acepções mais comuns são negativas: “ir além de todos os padrões do que é certo ou decente”, por exemplo. Foi esse o sentimento que a campanha despertou, sobretudo em um momento em que artistas se colocam contra o uso da inteligência artificial para criar produtos culturais. O compositor Crispin Hunt comparou o ato de destruir instrumentos musicais à queima de livros na época da Inquisição. A campanha do novo Ipad continua ativa nas redes sociais, mas segundo a mídia americana, planos para exibir o filme na TV foram suspensos. Redação MediaTalks
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