sexta-feira, 10 de maio de 2024

LETRAMENTO (ANTES DO) DIGITAL - IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS

MARCOS MAURICIO*
Podemos dizer ou afirmar que uma pessoa, seja ela quem for, que saiba ler e escrever é alfabetizada?
Uma pergunta para várias respostas, e tais respostas dependem do contexto, recente ou longínquo historicamente. Perpassa pelas condições culturais e, reforçando, o espaço-tempo e recursos pedagógicos do momento.
Paulo Freire afirma que: “Não existe ensino se não existe aprendizado”.
Baseado nessa afirmação podemos já iniciar um pequeno fragmento que torna a pergunta inicial um tanto complexa. Ensinar é compartilhar conhecimento com aquele que está vivendo a experiência do aprendizado, embora as ferramentas, estruturas físicas, metodologias e culturais sejam partes integrantes deste contexto.
Obviamente para adentramos num conceito básico do Letramento Digital, faz-se necessário entender o que é Letramento e, posteriormente aprofundarmos no que se refere ao Digital. Portanto, tentaremos vencer esta primeira etapa para um perfeito esclarecimento.
Embora a fonte pesquisada, Mariana Vindotti, tenha se limitado ao ensino da Língua Portuguesa, a aplicação se estende para as implicações pedagógicas em geral quando o uso de tecnologias mediam ou interferem nas práticas de interação professor-aluno em ambiente escolar.
No que podemos observar, existe uma inserção “forçada”, que desconsidera os maiores recursos potenciais no uso da tecnologia. Faltam estratégias sociocognitivas com abjetivo de aguçar a percepção de maneira que levante o pensamento crítico no universo da educação no momento atual e futuro.
A palavra “literacy” do inglês é a habilidade de ler e escrever , historicamente, ligado ao conceito de alfabetização. Novas preocupações e demandas surgiram, em especial, no Brasil com os estudos de Paulo Freire em 1981 em Campinas, no “Congresso Brasileiro de Leitura” em uma palestra denominada “A importância do ato de ler” e em mais três artigos complementares, publicados em 1986, que versavam sobre a compreensão mais crítica do mundo através da decodificação da escrita.
Segundo Freire (1986, p. 11-12), “a leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele”. Britto (2003, p. 16) concorda com esse pensamento e afirma que “a criança, o adolescente e o adulto têm de aprender com o mundo e, nesse aprendizado, aprender a escrita. Ou o contrário, a aprendizagem da escrita deve implicar a aprendizagem do mundo. Aprender uma linguagem para eles implica aprender referências do mundo, visto que se entendia que o sujeito, a linguagem e o conhecimento estavam interligados.”
O letramento, ou os letramentos, são práticas sociais e culturais cujo sentidos específicos tem finalidades específicas dentro de um grupo social, ajudam a manter a coesão e a identidade do grupo, e são aprendidas em eventos coletivos de uso da leitura e escrita, e por isso são diferentes em diferentes contextos sócio-culturais e tempo.
É necessário superar o ensino colonialista, pragmático, tecnico apenas para o trabalho, pois ser letrado não é apenas sobreviver na sociedade para manter-se em um emprego, por exemplo. Letramento seria um instrumento neutro a ser utilizado pelo indivíduo nas práticas sociais quando exigido. Ser funcionalmente letrado é ser capaz de estar à altura das pequenas rotinas cotidianas e dos comportamentos básicos dos grupos dominantes na sociedade contemporânea” (LANKSHEAR, 1987, p. 64).
Agora que o nosso entendimento já tem entendido que temos que colocar em ordem o ensino-aprendizagem, com o surgimento da Sociedade da Informação, devemos dominar tais recursos aproveitando e usufruindo o seu potencial como dominantes e nunca como dominados, como produtores de conteúdos e não como meros consumidores de banalidades e futilidades.
Afinal sobrevivemos um conjunto de avanços, por conseguinte, deixamos escapar seus potenciais porque sempre estivemos um passo atrás das tecnologias desenvolvidas seja por uso de meios analógicos (película fílmica e fita cassete, TV, entre outros) ou impressos, até migrarmos para meios digitais, permitindo a integração e hibridização dessas linguagens. Posteriormente, a criação das redes sem fio teve como impacto ampliar a circulação dessas novas práticas letradas. As práticas sociais sempre determinaram o processo de urbanização e a natureza do mercado de trabalho.
*Arte finalista - Aspirante a filósofo

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