quinta-feira, 21 de março de 2024

Metodologia criada pela Mempodera destaca direitos da criança e do adolescente de forma positiva

Dia 21 de março é comemorado o Dia Mundial da Infância. A data foi instituída pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) com o objetivo de promover uma reflexão sobre a defesa dos direitos das crianças. Direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, são alguns dos direitos que pais e responsáveis, poder público e comunidade devem proporcionar às crianças. Mesmo sendo direito, isso não é o que acontece. Cerca de 32 milhões de meninos e meninas vivem na linha da pobreza no Brasil, o que representa 63% do total de crianças e adolescentes. Os aspectos da pobreza são em relação a renda, alimentação, moradia, educação, água e saneamento básico, trabalho infantil e informação. Os dados são da pesquisa As Múltiplas Dimensões da Pobreza na Infância e na Adolescência no Brasil, divulgada em 2023 pela Unicef. Para começar a mudar essa realidade, a Mempodera, organização que possui atuação em Cubatão (SP) e em São Luís (MA) e oferece aulas de Wrestling e inglês para meninas e meninos, busca promover a igualdade de gênero por meio do esporte e da educação, além de ensinar por meio de uma metodologia desenvolvida por elas mesmo, que durou quase dois anos para ser finalizada.Essa metodologia foi criada pela Mempodera, com a participação de coordenadora da organização, Mayara Amália, pela fundadora, Aline Silva, ambas atletas profissionais de wrestling, e pela presidente Lidia Silva, em parceria com a Doutora em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Paula Korsakas, que teve como parte da tese de doutorado o trabalho com a Mempodera, e a Doutora em Ciências e docente do curso de Educação Física e Saúde da Universidade de São Paulo (USP), Mariana Harumi Cruz Tsukamoto.
“Nós nos reunimos muitas vezes para discutir como seria a nossa metodologia de aula e avaliamos a forma que dávamos aula antes, com a forma tradicional de se ensinar qualquer tipo de modalidade esportiva. Puxamos as memórias da educação física e de situações que aconteciam. E, na verdade, o esporte é um ambiente que exclui, porque, geralmente, a gente está buscando sempre quem são os mais habilidosos, ou aqueles que têm mais facilidade, e acaba que algumas crianças que não eram tão habilidosas fossem totalmente excluídas disso. Muitas pessoas que não praticam esporte ou são sedentárias é porque não tiveram experiências positivas”, lembra Mayara.
Um dos aspectos avaliados da experiência das profissionais com o esporte, e que foi colocado em questão para criar a metodologia, é o de movimentos engessados e de repetição. Ambiente seguro psicologicamente e de aprendizagem, professores com olhar igual para todos, respeito e desenvolvimento de cada faixa etária são valores priorizados na Mempodera, conforme explica a coordenadora. “Com isso, a gente criou situações que fazem com que as crianças aprendam o wrestling e o inglês de forma lúdica, porque brincando se aprende muito. Então, a aula é muito divertida e as crianças se sentem interessadas porque não é uma coisa chata e monótona, sempre está mudando e tendo uma outra coisa”. A criatividade das professoras também é explorada, pois segundo Mayara, para se ensinar o wrestling, não é necessário estar dentro de uma sala com tatame. “Eu posso ensinar competências que são importantes para o wrestling no jogo de basquete, vôlei ou numa queimada. Por exemplo: eu tenho o objetivo de ensinar um golpe que se chama arm drag numa brincadeira. Então, a gente cria brincadeiras específicas para o wrestling e a criança faz, inconscientemente, um movimento muito parecido com o golpe, mas a gente não está se importando com a qualidade técnica, mas queremos que essa criança se sinta muito feliz ali e que ela queira voltar”, destaca.

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