quarta-feira, 21 de junho de 2023

Buscas por "racismo estrutural'' no Google aumentam mais de 1.400% em três anos

Racismo estrutural cada vez mais faz parte dos debates sociais. Para se ter uma ideia do impacto do racismo na sociedade, o homem preto recebe hoje no Brasil salário 59% menor que o do homem não preto, e os rendimentos da mulher preta são 46% inferiores aos da mulher não preta, segundo pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) do segundo trimestre do ano passado, mostrando que a desigualdade ainda persiste. Levantamento feito pelo Google mostra que as buscas por "racismo estrutural'' aumentaram mais de 1.400% em três anos, de 2019 a 2022). O tema despertou o interesse de um grupo de 15 estudantes da Lumiar Santos com idade de 12 a 14 anos, do 7º ao 9º ano, que criaram um rap para amplificar as discussões sobre o assunto. O “Rap Monumental” aborda o monumento Zumbi dos Palmares da cidade de Santos. A tutora Júlia Lacerda Norato explica que a escola desenvolve projetos pedagógicos a partir do interesse dos próprios estudantes, colocando-os no centro da educação. Segundo a assistente de Júlia, Vitória Amador, no início do trimestre os alunos demonstraram interesse em assuntos de causas sociais relevantes, especificamente o racismo, levando ao estudo da história da escravidão, suas consequências nos dias atuais e a conscientização do racismo estrutural, para que a sociedade não continue reproduzindo comportamentos que fazem perpetuar a desigualdade. As crianças escolheram falar sobre o monumento a Zumbi dos Palmares de Santos e fazer um rap sobre o tema. “O rap é conhecido por sua capacidade de transmitir mensagens, contar histórias e dar voz a perspectivas não convencionais. Ao optarem pelo rap como meio de contar a história não oficial de uma personalidade histórica homenageada em um monumento, os estudantes demonstraram interesse em utilizar essa forma de arte para transmitir suas ideias e reflexões”, comenta a tutora. No processo, as crianças puderam explorar a histórias dos monumentos da cidade e a relação desses monumentos com as narrativas oficiais. Os estudantes participaram ativamente de todo o projeto, desde o debate sobre racismo estrutural até a composição das letras de rap, criação musical e discussões em grupo para aperfeiçoar o projeto. “Foram encontros que proporcionaram a oportunidade do desenvolvimento do pensamento crítico, da escuta ativa, da colaboração e da criatividade dos estudantes”, afirma Vitória. A atividade permitiu aos estudantes compreender o rap como forma artística de intervenção e apropriação do espaço, aprimorar os conhecimentos sobre cultura popular, práticas literárias e musicais, fornecer uma compreensão histórica sobre monumentos de personalidades e sua função sociopolítica. “Os estudantes expressam suas próprias perspectivas e contam histórias não convencionais, trabalhando reflexão crítica e criatividade. Essas iniciativas favorecem o processo de aprendizagem juntamente a partir de interesses próprios, aquilo que as crianças querem estudar, aprender e descobrir”, diz Julia.

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