terça-feira, 9 de maio de 2023

Macunaíma, um Brinquedo adapta obra clássica da literatura brasileira para espetáculo que mescla teatro e contação de histórias

Transposição de uma das obras literárias mais emblemáticas do modernismo brasileiro para a cena, o espetáculo Macunaíma, um Brinquedo traz trechos intocados do livro de Mário Andrade reinterpretados pelo grupo Favas de Paricá. Em cena, estão Marisa Bezerra e Arce Correia. O trabalho, que vem sendo apresentado e remodelado desde 2016, tem direção de Cristiane Paoli Quito e circula por bibliotecas da capital paulista e do interior. As apresentações confirmadas acontecem nos dias 12 e 26 de maio, sexta-feira, 15 horas, na Biblioteca do Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso em São Paulo. Após cada sessão, há uma roda de conversa entre os atores e o público - toda a programação é gratuita. Ao optar por apresentar a obra em espaços não convencionais da cena, Macunaíma, um Brinquedo explora os limites da contação de histórias e do teatro, fazendo das sessões um momento de partilha com o público que retoma tradições da oralidade enquanto busca, nos termos da companhia, levantar a palavra do livro. "Apresentar em bibliotecas traz para um lugar de vida a própria palavra do Mário de Andrade. Nas bibliotecas é onde moram as palavras deitadas, então nossa ideia é propor uma ação que dinamize essa obra tão importante", conta Marisa Bezerra. Para facilitar a circulação do espetáculo, o cenário é composto por elementos simples, como um tapete e uma luminária que sugere ao público sentar-se em torno desses objetos cênicos, propondo uma encenação em arena. Durante o espetáculo, são utilizadas passagens originais do texto de Mário de Andrade em um caráter rapsódico, com resumos de cada capítulo. "Resgatamos as partes do livro que decidimos recontar mantendo uma linha de raciocínio de cada capítulo e também mantendo as palavras de Mário de Andrade", reforça Bezerra. O trabalho realizado pelo grupo foi conduzido a partir da pesquisa de mestrado da diretora Cristiane Paoli Quito, denominada O corpo da voz, que integra o conhecimento profundo da história literária, recursos físicos e vocais, improviso de onde começa e termina a narração, dependendo das reações e respostas do público. A companhia reforça que a escolha das edições dos capítulos também conversa com os públicos para quem as sessões serão apresentadas. "Em apresentações para idosos, por exemplo, percebemos um encantamento ao selecionar trechos específicos da obra sobre a cidade de São Paulo, pois muitas pessoas ali vivenciaram o que está descrito", diz Bezerra. A artista complementa que, com professores, é possível notar uma cumplicidade em pensar maneiras alternativas de apresentar a obra aos alunos. Já para crianças e adolescentes, a encenação apoia a pensar os termos da escrita por meio de figuras acessíveis.

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