Foto: Rogério Sousa - Com obras de arte atualmente prestigiadas e supervalorizadas, depois de 61 anos do seu falecimento, o artista baiano Agnaldo dos Santos (1926-1962) ganha homenagem através da exposição ‘Agnaldo Manuel dos Santos – A conquista da modernidade’. A coleção apresentada no MAM reúne cerca de 50 peças representando orixás, santos, ex-votos, carrancas e figuras humanas, sob curadoria da curadora e historiadora da arte, Juliana Ribeiro Bevilacqua. A visitação será aberta na próxima terça (18), às 18h, no espaço expositivo da Capela do Museu de Arte Moderna (MAM Bahia). A exposição é gratuita e fica aberta de terça a domingo, das 13h às 17h. Agnaldo nasceu na Ilha de Itaparica e tem sua obra classificada como uma continuidade no Brasil da escultura africana. “É uma pessoa de raiz profunda, do povo, começou a trabalhar com 10 anos de idade, era descendente de índios e negros, foi lenhador, fabricante de cal, depois vigia, ajudante e aprendiz do artista Mário Cravo Jr”, afirma o diretor do MAM Bahia, Pola Ribeiro. RETORNO de UM FILHO – Para Daniel Rangel, diretor do Palacete das Artes, a chegada da mostra é como um retorno de um filho que passou anos fora de casa. “Essa exposição está em sintonia com o momento atual do MAM, que desde o final de 2021 retoma o programa curatorial iniciado por Lina Bardi, de forma atualizada; ela pensou um museu moderno, baiano e nordestino, que apresenta uma modernidade/contemporaneidade: negra, indígena e popular”, conclui Rangel. Foi pelo olhar de Lina Bo Bardi, ex-diretora do MAM – e foi no Museu – que Agnaldo dos Santos fez sua primeira exposição individual na Bahia. “Foram duas mostras solos dele enquanto Lina era diretora do museu e Agnaldo seria um dos seus artistas prediletos”, completa Rangel. A atual mostra no MAM já foi apresentada anteriormente em São Paulo e no Rio de Janeiro.
BIENAL e PRÊMIO – Com estímulo de Mário Cravo Jr., Agnaldo começou a esculpir em 1953. Viajou pelo Rio São Francisco e conheceu o escultor de carrancas, Francisco Guarany. Suas esculturas em madeira estiveram em importantes coletivas e eventos como a Bienal de São Paulo (1957). Nesse mesmo ano, realizou sua primeira exposição individual, no Rio de Janeiro. Em 1959 e 1961, participou do Salão Nacional de Arte Moderna, incentivado ainda por Wilson Cunha, Pierre Verger, José Valladares e Lênio Braga. Depois da sua morte, foi reconhecido com o prêmio internacional de escultura no 1° Festival Mundial de Arte e Cultura Negra, em Dakar, Senegal (1966), pela escultura ‘Rei’. Sua obra foi estudada pelo crítico especialista baiano, Clarival do Prado Valladares, que viu nela “a expressão eterna da sua ancestralidade cultural”. Obras dele estão no acervo do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e importantes coleções privadas. Segundo Valadares, “Agnaldo era senhor de meios expressionistas de absoluta originalidade”.
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