Nesta quarta-feira (29), dia do aniversário de 474 anos de fundação da Cidade do Salvador, o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM) vinculado ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), inaugura com acesso gratuito às 18h, a sua mais nova exposição, intitulada ‘UANGA’, uma grande retrospectiva do artista baiano J. Cunha. Na oportunidade, o MAM inicia o Programa de Processos Compartilhados, no qual o público terá contato com distintas etapas do processo de uma exposição, desde a presença do artista ao processo de montagem até a curadoria ao longo da mostra. A visitação será de terça-feira ao domingo, sempre das 13h às 18h. ‘Uanga’ é uma palavra de origem Bantu que significa feitiço, encantamento. Para a diretora geral do Ipac, Luciana Mandelli, “realizar a retrospectiva de um dos principais artistas e designers da Bahia, no ano que ele completa 75 anos, é também uma ação de salvaguarda da nossa cultura”. O diretor do MAM, Pola Ribeiro, destaca a transversalidade da produção de J. Cunha em diferentes áreas de atuação, “J. Cunha é um multifacetado criador que transita livremente entre as artes visuais, o design, a cenografia e a moda”, comenta ele.
Processos - “Em Uanga reunimos 60 anos de uma práxis inspirada pelos signos da cultura da Bahia, relacionados à origem afro-indígena-sertaneja de J. Cunha, que, por sua vez, em sua trajetória, foi impregnado pela história da arte, pela cultura pop, pelo tropicalismo e pelo carnaval de Salvador”, explica o curador da exposição, Daniel Rangel. Segundo ele, nessa primeira etapa, aberta na quarta-feira, serão expostas as obras conectadas ao universo das artes visuais, instaladas no térreo do Casarão do Solar. Em um segundo momento serão exibidos, no andar superior do Casarão, cartazes, figurinos, cenários, documentos, fotografias e tecidos de blocos afros, dentre outros itens criados pelo designer J. Cunha. Numa terceira etapa o público acompanhará o artista realizar instalações artísticas em áreas abertas e pequenas salas do MAM, dialogando com a arquitetura do Solar Unhão. “Serão obras de site specific pensadas para a entrada do museu, como um portal, ou para o tronco da mangueira do pátio, que foi diagnosticada como morta, que reviverá como uma obra de arte”, relata Rangel. Para ele, não é coincidência J. Cunha ser o primeiro artista do Programa Processos Compartilhados. “A materialidade da produção de J. Cunha resgata e projeta no presente o sonho de Lina Bo Bardi. Ao imaginar e propor a união entre o popular e o acadêmico, como conceito para o MAM-Bahia, ela provavelmente imaginava (ou previu) o surgimento de artistas como ele, no contexto atual”, finaliza Rangel.
J. Cunha - Nascido na Península de Itapagipe, em Salvador, em 1948, J. Cunha (José Antônio Cunha) fez o Curso Livre da Escola de Belas Artes/Ufba aos 18 anos de idade. Foi cenógrafo e figurinista do grupo cultural Viva Bahia, assinou cenários/figurinos do Balé Brasileiro da Bahia, Balé do Teatro Castro Alves e, durante 25 anos, a concepção visual e estética do bloco afro Ylê Aiyê, além de decorações dos Carnavais de Salvador. Artista plástico, designer gráfico, cenógrafo e figurinista, Cunha participou de bienais, coletivas e individuais nos Estados Unidos, África e Europa. Sua carreira transita ainda pela Dança, Teatro e Música. “Cunha é um artista que está simultaneamente no Sambódromo da Sapucaí e no MAR no Rio de Janeiro, no Instituto Inhotim em Minas Gerais, em Nova York e Canadá, dentre dezenas de outras referências para as Artes no mundo”, resume Pola Ribeiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário