domingo, 21 de março de 2021

MAÇAMBÉ

Quando penso na infância imagino (hipoteticamente) pequenos seres, puros, inocentes, sorridentes, lindos por natureza... Será? Lembro com o coração cortado da minha infância um pouco distante, entre meus 8 e 12 anos. Nossa diversão era zoar Dona Maria, uma senhora franzina, com cerca de 90 anos, sua atitude em espernear, xingar, ameaçar jogar pedras e paus quando nós a cercávamos aos gritos chamando-a de "maçambé", "piaba", "bacalhau" era nossa alegria... Era apenas uma velhinha e não tínhamos dó nem piedade, a ira dela nos divertia, tentei resgatar o rosto dela no desenho ao lado, confesso que me sinto mal, fico triste até hoje quando lembro desses dias. Hoje aqui no condomínio onde moro observo as crianças nesse tempo de pandemia matando sapos e rãs a pauladas numa cidade dominada pelo mosquito aedes aegypt, amarram gafanhotos (que são alimentos de cobras) em barbantes e giram até vê-los mortos, apedrejam caranguejeiras que se alimentam de escorpiões e baratas. O resultado é que sempre ocorre picadas de jararaca, predadores naturais dos bichos predados por crianças "inocentes"... O homem é um bicho esquisito por natureza. Marcos Mauricio

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