quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Escritor angolano Manuel Rui Alves Monteiro, recebe título de Cidadão Soteropolitano

Através de projeto apresentado pelo vereador Hilton Coelho (PSOL), o escritor angolano Manuel Rui Alves Monteiro (Huambo - antiga Nova Lisboa, Angola - 4 de novembro de 1941), mais conhecido por Manuel Rui, é agora Cidadão Soteropolitano. "Demos o título de cidadão a Manuel Rui em razão de seus compromissos com a autodeterminação dos povos e defesa de uma educação de qualidade. A importância deste escritor no vasto mundo literário angolano é ainda hoje valorizada internacionalmente, de tal modo que é comum encontrarmos referências a Manuel Rui em diversos artigos, obras críticas, entrevistas e mesmo conferências sobre o mundo angolano", afirma o legislador.Em Portugal fez seus estudos universitários onde fica durante alguns anos, dedicando-se à sua profissão (advocacia) e à luta pelos seus ideais, que eram os mesmos do povo angolano, que há muito tinham despertado e cada vez mais se intensificavam. Manuel Rui permanece em Portugal até à independência de Angola, optando depois por regressar ao seu país natal e levar em frente as suas intenções de continuar uma luta por uma Angola livre.
Tornou-se ministro da Informação do MPLA no governo de transição estabelecido pelo Acordo do Alvor. Foi também o primeiro representante de Angola na Organização da Unidade Africana e nas Nações Unidas. Foi ainda Diretor do Departamento de Orientação Revolucionária e do Departamento dos Assuntos Estrangeiros do MPLA.
Manuel Rui foi membro fundador da União dos Artistas e Compositores Angolanos, da União dos Escritores Angolanos e da Sociedade de Autores Angolanos. É autor da letra do Hino Nacional de Angola, de outros hinos como o Hino da Alfabetização e o Hino da Agricultura, e da versão angolana da Internacional.
No plano acadêmico, Manuel Rui foi diretor da Faculdade de Letras do Lubango e do Instituto Superior de Ciências da Educação. Poeta, contista, ensaísta, crítico literário, Manuel Rui Alves Monteiro desde cedo se envolveu política e emocionalmente com a causa do seu povo que é a mesma dos povos dos países do chamado terceiro mundo,ou seja, a luta pela verdadeira independência e bem estar de seu povo.
A explosão cultural que Angola passou a viver logo após a independência propicia o aparecimento de uma vaga de novos escritores, novas vozes de toda uma "jovem" cultura angolana que se vai, então, manifestar nas suas mais diversas formas. Manuel Rui é uma dessas "novas" vozes que, através da literatura, tenta contribuir para a afirmação de uma cultura de raiz verdadeiramente angolana. A sua expressão assenta, sobretudo, no uso de expressões e vocábulos surgidos na dinâmica da guerra. É uma literatura marcada pelos anos de luta armada, de reivindicação por uma independência, por uma voz própria. Como tal, o seu conteúdo, a sua temática, as suas preocupações são as de falar e dar vida à expressão nova de um povo recentemente libertado.
A linguagem usada é, sem dúvida, o português; mas é já um português mesclado com as tais expressões e vocábulos típicos, regionais e nacionais que imprimem a esta "nova" literatura uma dinâmica muito própria que traz a esta nação a expressão coletiva do povo que pretende, assim, afirmar uma identidade própria.
Da sua autoria, Manuel Rui tem uma vasta produção mas há que realçar aquela que consideramos a sua "obra-prima" de visão de uma Angola pós-independência e do revelar de sentimentos e preocupações mais profundas daquele povo que é o seu - Quem me dera ser onda.

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