sexta-feira, 7 de junho de 2024

Instituto em memória do jornalista britânico Dom Philips é lançado por viúva para inspirar proteção da Amazônia

“Amazônia Sua Linda!”, frase usada pelo jornalista inglês Dom Philips em sua última postagem nas redes sociais antes de ser assassinado no Vale do Javari, em 5 de junho 2022, é o nome do primeiro projeto de um instituto criado em sua homenagem por sua viúva, Alessandra Sampaio, ao lado de amigos e apoiadores. Philips, que morava no Brasil e colaborava jornais internacionais como o The Guardian e o Washington Post, estava escrevendo um livro sobre a Amazônia quando morreu junto com o indigenista Bruno Pereira, um crime que chocou o mundo e chamou a atenção para os riscos do jornalismo ambiental. Ao inaugurar o Instituto neste domingo, às vésperas do Dia Mundial do Meio Ambiente, Alessandra disse que o objetivo é usar a educação como ferramenta principal para inspirar o interesse da população sobre a importância da proteção da floresta amazônica e os povos que a habitam.“Nascemos de uma violência que não foi a primeira e nem será a última”, diz a apresentação do Instituto Dom Philips.
“Honrar o legado de Dom é reconhecer a dor e ir além dela, entendendo que a sua relação com a Amazônia não se resume ao seu assassinato.
Pelo contrário, ele mergulhou na exuberância da floresta e escutou seus povos a fim de mostrar ao mundo toda a diversidade humana, ambiental e cultural da região.”
Postagem feita na Amazônia relembrada pelo Instituto Dom Philips
A última postagem feita por Dom Philips na Amazônia em 30 de maio ilustra a página que apresenta o projeto inicial do Instituto.



O projeto Amazônia Sua Linda será um ambiente digital onde a população local terá espaço para registrar as suas vivências no território, apresentando suas realidades, histórias e raízes.
Jovens locais receberão treinamento em produção audiovisual. Serão oferecidos ainda conteúdos informativos sobre a Amazônia como mapas, flora, fauna, história, dados e clima para serem usados como material pedagógico ou para pessoas que desejem se conectar com a natureza.
Em entrevista à ONU, em Nova York, Alessandra Sampaio disse que a motivação para criar o Instituto vem de uma decisão de “não ficar presa no sentimento de frustração, de impotência e de tristeza” e seguir adiante com o legado de Dom Phillips.
Quem foi Dom Philips, o jornalista assassinado na Amazônia
Dominic Mark Phillips nasceu na cidade de Bebington, na Inglaterra, em 1964, em uma família de classe média. Ele iniciou seus estudos em Língua Inglesa em Liverpool, mas não concluiu a graduação por um objetivo maior: conhecer as pessoas e o mundo. Antes do Brasil, Dom morou na Dinamarca, em Israel, na Grécia, e na Austrália. Sua primeira matéria publicada sobre a Amazônia foi em 2015 pelo The Washington Post, quando visitou uma grande mina no Pará e identificou os impactos ambientais, sociais e econômicos do empreendimento, recorda o Instituto. Dom conheceu o indigenista Bruno Pereira em 2028, em uma expedição ao Vale do Javari – que abriga uma das maiores concentrações de indígenas isolados do mundo. “Na reportagem que surge dessa viagem, Dom deixa claro sua paixão pela floresta, como quando descreve meninos indígenas que haviam batido em uma colmeia para afugentar as abelhas e depois compartilhavam seu favo de mel vermelho-ferrugem, pingando mel doce e selvagem”, diz o perfil do jornalista.
Durante suas diversas viagens à Amazônia, Dom percebeu que os povos da floresta e os profissionais que atuavam para mantê-la protegida deveriam ter seu conhecimento divulgado para o mundo.
Redação MediaTalks

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