domingo, 26 de maio de 2024

5 mitos e verdades sobre o uso de descongestionantes nasais

No outono e inverno, o clima fica mais frio e seco, o que pode afetar a mucosa nasal causando sintomas desconfortáveis, como o de nariz entupido. Para aliviar essa sensação, muitas pessoas recorrem aos descongestionantes nasais.
A prática é motivo de alerta da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), pois o seu uso de forma indiscriminada pode trazer consequências à saúde, não só relacionados ao nariz e à função nasal, como problemas cardíacos, acidente vascular cerebral, trombose e até intoxicação. O presidente da Academia Brasileira de Rinologia (ABR) e membro da ABORL-CCF, Otavio Piltcher, explica que os descongestionantes nasais têm um efeito vasoconstritor, ou seja, reduzem o calibre dos vasos sanguíneos da mucosa que reveste as estruturas da parte interna do nariz, em especial dos cornetos nasais, que ao diminuírem de tamanho liberam espaço para a passagem de ar. Esse efeito mecânico rápido e passageiro, é referido pelos pacientes com um alívio momentâneo da sensação de entupimento nasal. A seguir, o otorrinolaringologista da ABORL-CCF explica os principais mitos e verdades sobre o uso de descongestionantes nasais.
1 - Pode atrapalhar o diagnóstico médico
Verdade. O uso indiscriminado do produto pode mascarar o real problema dos sintomas de entupimento do nariz e outros desconfortos, podendo atrasar o diagnóstico efetivo e o correto tratamento, incluindo tanto medicamentos desnecessários como até procedimentos cirúrgicos que seriam evitáveis sem o uso dessas gotas vasoconstrictoras.
“Muitas pessoas consideram que a causa do nariz entupido é o excesso de muco produzido na cavidade nasal. Mas não é. O nariz congestionado é um sintoma que, geralmente, está associado à rinite, sinusite, gripes e resfriados, por isso, é importante descobrir a origem do problema”, informa o Piltcher.
2 - Vicia o organismo e causa rinite medicamentosa
Verdade. O descongestionante nasal possui efeito vasoconstritor e, quando usado por mais de cinco dias, está associado à cronificação dos sintomas e consequentemente perpetuação do uso das gotas em um círculo vicioso com muitos malefícios aos pacientes. “Infelizmente além dos danos físicos já citados, acaba levando a uma dependência emocional que dificulta ainda mais a abordagem do profissional de Saúde para interrupção do uso”, explica o médico.
3 - Pode causar problemas cardíacos e outros danos à saúde
Verdade. Estudos apontam que o uso excessivo aumenta o risco de desencadear problemas cardiovasculares, hipertensão arterial e trombose, que é a formação de um coágulo de sangue que bloqueia a circulação e causa inchaço e dor nas pernas. Além disso, também afeta o sistema nervoso central, aumentando o risco de AVC (acidente vascular cerebral), insônia e ansiedade.
4 - Crianças estão proibidas de fazer uso da medicação
Mito. É possível utilizar esse medicamento em crianças a partir dos 4 anos em situações muito específicas e com rigorosa recomendação médica. Mas de forma geral, não se recomenda o uso na infância, pois a proporção da dose de tratamento é muito próxima à dosagem que pode gerar algum efeito negativo à saúde, por isso, o cuidado é redobrado. “Há um risco grande de intoxicação, por exemplo, levando a atendimentos de emergência e internações”, completa Piltcher.
5 - Grávidas e lactantes não devem usar o produto
Verdade. Apesar das evidências científicas não serem definitivas, não se recomenda uso de vasoconstrictores nasais tópicos e sistêmicos (comprimidos) na gravidez, pois podem prejudicar o desenvolvimento do feto e interferir na qualidade do fluxo sanguíneo da placenta. "É importante que as pessoas se conscientizem dos perigos que o uso do descongestionante nasal oferece à saúde, se usado de forma indiscriminada. A automedicação com gotas vasoconstrictoras nasais facilmente se torna um agravante do problema. Por isso, no caso da congestão nasal é necessário procurar seu médico otorrinolaringologista para fazer o diagnóstico e assim receber o tratamento seguro e personalizado à condição clínica do paciente", finaliza o especialista da ABORL-CCF.

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