Na obra Revolucionárias, Isabelle Anchieta, renomada socióloga brasileira, explica quais foram as habilidades, as astúcias e os enfrentamentos de Joana d’Arc e Maria Quitéria para subverter os valores da época a favor delas. Publicado pela Editora Planeta, o livro é divido em duas partes em que explora minunciosamente a vida de cada uma, analisando a infância, a criação e as motivações que as levaram a se tornarem figuras históricas marcantes, apesar dos empecilhos da época e do latente machismo na sociedade.
Apesar da distância temporal e territorial, Isabelle cruza a narrativa de duas grandes guerreiras ao evidenciar as similaridades que as conectam. Ambas viveram em períodos históricos impregnados por entraves culturais, legais, institucionais, à liberdade de escolha e à ação das mulheres. Mesmo assim, Joana liderou grandes cavaleiros franceses e era respeitada pelo rei. Maria Quitéria foi a única soldada reconhecida ainda em vida pelo imperador Dom Pedro I. A autora busca, ao recontar a história com um olhar social e feminino, responder à pergunta primordial: como elas alcançaram tais honrarias?
A partir da análise da vida dessas importantes figuras históricas, a autora estabelece uma ponte para reflexões sociológicas atuais e pertinentes. No decorrer da obra, a socióloga aprofunda temas que ainda permeiam a sociedade, como a polarização social, o nacionalismo, a religião, a estereotipização, a intolerância, as disputas por reconhecimento, as contradições nas relações entre homens e mulheres, a liderança carismática e a expressão de si.
Para fundamentar a obra, a autora não limitou os estudos a documentos históricos, ela reuniu o próprio material de campo que acrescentou auxílio visual à narrativa. Espalhados em diversos capítulos, há variados QR codes que direcionam os leitores e as leitoras para vídeos, gravados pela própria socióloga, de obras de arte, museus e locais reais por onde Joana d’Arc e Maria Quitéria passaram, como o local onde viveram.
Em Revolucionárias, Isabelle reconstrói a história das protagonistas, de uma forma nunca vista, ao evidenciar que Joana e Quitéria são mais do que imagens de mulheres que participaram de momentos decisivos da construção da ideia de nação em seus países. Elas tornaram as próprias lutas símbolos atemporais, romperam com um sistema secular e remexeram na ordem dos costumes. “Foram modernas, antes que a modernidade firmasse seus pés.”, escreveu Anchieta.
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