segunda-feira, 29 de abril de 2024

Educação socioemocional é fundamental para desempenho escolar das crianças, aponta estudo da OCDE

Durante o evento Bett Brasil, realizado entre os dias 23 e 26 de abril, em São Paulo o Instituto Ayrton Senna anunciou oficialmente os resultados inéditos do estudo Social and Emotional Skills for Better Lives (Competências socioemocionais para uma vida melhor, em tradução livre), conduzido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em colaboração com o Instituto.
Pela primeira vez, o Brasil participou como campo de implementação principal na coleta global de dados sobre o assunto, junto com outros 16 países e organizações, incluindo Colômbia, Chile, Itália, Japão, Finlândia e Bulgária. Este estudo representa uma das primeiras pesquisas internacionais em larga escala sobre competências socioemocionais no mundo, abrangendo dados de milhares de estudantes de 10 e 15 anos. O estudo tem como objetivo avaliar 15 competências socioemocionais e sua importância na vida dos estudantes, além de examinar os fatores que promovem ou dificultam seu desenvolvimento.
No Brasil, o estudo foi conduzido na cidade de Sobral, no Ceará, em 2023, com a colaboração do Instituto, com mais de 4500 participantes, entre estudantes de 10 e 15 anos, professores, diretores escolares e pais/responsáveis. Na faixa etária dos 10 anos, participaram 2.208 estudantes, 219 professores, todos os 55 diretores, e 1.032 pais ou responsáveis. Já entre os alunos com 15 anos, participaram 2.343, 287 professores, todos os 25 diretores, e 989 pais ou responsáveis.
Os resultados do estudo apontam relações importantes entre competências socioemocionais e desempenho acadêmico, além do impacto positivo bem-estar psicológico dos jovens, influenciando tanto seu desenvolvimento acadêmico quanto pessoal.
O lançamento contou com a presença de Karen Teixeira, gerente de pesquisa do eduLab21®, Herbert Lima, Secretário da Educação do Município de Sobral (CE) e mediação de Antônio Gois, colunista do O Globo e um dos fundadores da associação de jornalistas da Educação, Jeduca.
Confira os principais resultados da pesquisa em relação ao nível de desenvolvimento das competências socioemocionais em Sobral (CE):
Idade: o estudo evidencia disparidades no desenvolvimento das competências socioemocionais entre estudantes de 10 e 15 anos. Enquanto os estudantes mais jovens demonstraram maior progresso em competências como confiança, determinação, assertividade e otimismo, em comparação aos de 15 anos, estes últimos relataram um avanço superior na competência de empatia. Essas discrepâncias ressaltam a importância de compreender os elementos que influenciam tal desenvolvimento. Uma hipótese sugerida por Karen Teixeira é que os estudantes de 10 anos, especialmente aqueles no ensino fundamental 1, desfrutam de uma relação mais próxima com um único professor, o que pode facilitar o progresso socioemocional.
“Professores do ensino fundamental 1 podem ter acesso a mais formações relacionadas ao desenvolvimento socioemocional, tornando-os mais preparados para ajudar os alunos nessa área. Esses insights sugerem a importância de fornecer formação adequada aos professores do ensino fundamental para melhorar o desenvolvimento socioemocional dos alunos mais velhos”, afirmou a especialista do IAS.
Frequência escolar: o relatório também aborda a questão da frequência escolar, destacando que os estudantes de Sobral relatam menos faltas em comparação com a média dos países participantes, embora relatem chegar atrasados à escola com maior frequência. Karen Teixeira destaca a importância de observar essa tendência: "A incidência de faltas e atrasos é crucial, pois pode ser um indicador de possível abandono escolar e afetar o desempenho dos alunos. Competências como determinação, persistência e responsabilidade contribuem para a redução das taxas de faltas e atrasos. Além disso, competências como otimismo e entusiasmo estão associadas a indicadores de saúde e bem-estar."
Notas escolares: Entre os resultados mais relevantes, Karen apontou que competências como desempenho de tarefas e abertura ao novo estão relacionadas com melhores notas escolares; a autogestão e curiosidade foram relevantes como os principais impulsionadores do desempenho em disciplinas como matemática, leitura e artes; enquanto otimismo e entusiasmo influenciam positivamente o bem-estar dos estudantes.
“Todas as competências socioemocionais analisadas contribuíram para o aprimoramento do desempenho acadêmico, desmistificando a ideia de que o desenvolvimento dessas habilidades poderia prejudicar o aprendizado tradicional”, ponderou Karen.
Os dados e análises completas da pesquisa poderão ser acessados através do site da OCDE.

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