Com uma seleção de novas obras que variam entre pinturas, aquarelas e cerâmicas, Egreja transforma o interior da galeria em uma de suas obras, embrenhando o visitante em cores e formas icônicas do seu universo.
Em sua nova mostra, "Renata Egreja: uma crônica mole", a ser inaugurada quinta-feira, 30 de novembro, Renata Egreja apresenta sua segunda individual na Galeria Lume com obras inéditas que variam entre grandes telas, aquarelas e cerâmicas. Com curadoria de Mariana Leme, a mostra traz o universo de criação feminino de cores e formas, natureza já emblemática da artista.
Mergulhada no bucolismo de Ipaussú, interior de São Paulo, Egreja encontra grande inspiração na natureza ao seu redor e concebe seu trabalho de maneira gestual, trazendo certa ordem ao caos.
Em meio a inúmeros substantivos femininos - natureza, criação, vida - o trabalho de Renata opera uma orquestra de estímulos visuais, como Gaia, Deusa da terra, mãe geradora de toda vida, a artista adentra o caos de possibilidades e com a ponta do pincel ordena seus pequenos, porém grandes, universos que encontramos em suas obras. E como todo universo, se apresenta de maneiras infinitas, ora sobre tela, ora sobre papel, ora em cerâmica, mas sempre transbordando a identidade Egreja da criação.
Como escreve Mariana Leme, curadora da exposição, "a obra de Egreja não se trata de uma fabulação ideal ou inventada: é a própria vida, em sua materialidade, que acontece. Uma bolsa, um saco, indefinido e mole, que traz em si a potência da transformação incessante"
Em "Renata Egreja: uma crônica mole", o visitante adentra o universo de cores e formas de Renata Egreja, perambulando por cosmos dinâmicos e vívidos, conhecendo lugares e traçando caminhos novos por entre suas criações e, assim como Renata, "rescrever novas estórias, cheias “de começos sem fim, de iniciações, de perdas, de transformações e traduções, e muito mais artimanhas do que conflitos, muito menos triunfos do que armadilhas e delírios”.
No espaço expositivo II acontece a exposição "Sonho de vôo, medo da queda", de Eduardo Coimbra, que explora através de céus e precipícios, imagens elementares da poesia, o sonho de voar e a queda, o lugar onde o homem se converte em imagem, em espaço, e os contrários se fundem. Da realidade à mitologia, o céu sempre foi um playground arriscado para o homem.
Questionar as leis da gravitação, tentar escapar da superfície terrestre, lançar-se no desconhecido. Entre duas turbulências, queremos voar, por hedonismo, por ativismo, ou para nos salvar, fugir do peso insustentável do mundo, por isso construímos utopias.
A obra de Coimbra trata da nossa necessidade de contemplar e remete tanto ao flâneur benjaminiano como ao apreciador de imagens na galeria das palavras de Bachelard; ambos partilham de uma solidão e são capazes de penetrar em outro mundo, o mundo misterioso do símbolo ou da alegoria, o partilhar da imagem poética.
Ao explorar fortes componentes do psiquismos humano, o sonho de voar e o medo da queda, a exposição de Eduardo Coimbra questiona onde guardamos as imagens que nos tecem? Como a imagem pode dizer o que, por natureza, a linguagem parece incapaz?
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