sábado, 20 de julho de 2019

FILOSOFIA. VAMOS FALAR DO CÍNICO?

Um adjetivo que ninguém aceita para si, mas quando alguém é taxado pelos demais como CÍNICO, poderia se dizer que o tal é repleto de fingimento; desfaçatez. Que se opõe às normas sociais e às conveniências morais. Que tende a se comportar de maneira imoral ou escandalosa; desavergonhada.
Mas a caraterística do cínico de hoje como falha de caráter tem uma origem na filosofia e cultura grega.
Etimologicamente falando, a vocábulo CÍNICO tem sua raíz no grego κυνικός, traduzido como “Kynicos”, que significa “canino”.
Os cínicos eram chamados de cães pelo fato de que Antístenes de Atenas transmitia seus ensinamentos no ginásio de Cynosarges que pode ser traduzido como “cão branco”, “alimento de cão” ou até mesmo “cão rápido”. Além destes fatores etimológicos, o próprio comportamento dos cínicos era semelhante ao de um cachorro, uma vez que estes filósofos rejeitavam as convenções sociais e procuravam viver da maneira mais espontânea possível, conforme fazem os cães.
Em resumo, chamar alguém de cínico seria em tese xingar de cachorro. Mas para os gregos era até um elogio.

DIÓGENES, O MAIOR DOS CÍNICOS. ( 404 ou 412 a.C)
Diógenes, quando pleiteou seu ingresso na escola de Antístenes, foi simplesmente recusado e insultado por aquele mestre que ele tanto admirava. Continuou insistindo, perdoou os insultos, e conseguiu ser admitido, finalmente, e em compensação fez a doutrina cínica conhecida e popular em toda a Hélade.
Diógenes era um rico banqueiro na cidade de Sínope, chegou à falência e, “cinicamente”, resolveu cunhar sua própria moeda e a justiça o condenou a perder o que restava de seus bens, deixando-o no meio de uma praça onde recebia diariamente uma porção de pão necessário para subsistência, oportunamente viveu como um cão e dormia numa espécie de barril.
Alí despertava curiosidade e sua fama atraia pessoas de todas partes para receber conselhos, pois trava-se de um homem muito sábio que aceitou a sua condição e fez disso uma “filosofia de vida”, convenhamos.
Não se pode negar que correntes da própria igreja católica ao adotar o “voto de pobreza” tenha por base esse princípio filosófico.

DIÓGENES E ALEXANDRE
Conta-se que certa vez Alexandre, o Grande, da Macedônia, ao andar pelas ruas de Corinto, atraído pela sua fama, se postou diante dele no momento em que tomava seu banho de sol. Ao lhe dizer o Rei “Eu sou Alexandre, o Rei”, Diógenes lhe retrucou: “Eu sou Diógenes, o Cão”. Alexandre, impassível, continuou: pede o que quiseres que imediatamente to concederei e imediatamente Diógenes lhe disse: “Devolve-me aquilo que não podes dar, o sol que estás encobrindo”. Alexandre ainda lhe teria dito: “Se eu não fosse Alexandre, o Rei, quereria ser Diógenes”.
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