sábado, 19 de outubro de 2024

Como driblar o consumismo infantil?

O consumismo na infância é uma preocupação crescente, especialmente porque as crianças estão cada vez mais expostas a propagandas e influências digitais que as estimulam a comprar. O YouTube Kids, por exemplo, promove marcas e produtos, o que acaba incentivando o desejo por novas aquisições. Mas não só: de forma geral, quando expostos a telas, os pequenos têm acesso a conteúdos voltados ao excesso de compras, o que pode gerar até mesmo problemas emocionais, como baixa autoestima e comportamentos comparativos, principalmente entre adolescentes, que medem seu valor pessoal com base em produtos de status, como celulares e roupas de marca. “O comportamento consumista infantil é fortemente influenciado pelos pais e pela maneira como as crianças são expostas ao consumo em seu dia a dia”, diz Filipe Colombini, psicólogo parental e CEO da Equipe AT. "Os pequenos observam e aprendem com o exemplo dos adultos. Se os responsáveis usam as compras como forma de lazer, essa será a referência que o pequeno terá", explica ele. “Além disso, muitas vezes os pais, sem saber como lidar com as frustrações e emoções dos filhos, acabam oferecendo presentes para acalmá-los, o que reforça comportamentos consumistas e impulsivos”, conclui.
Confira abaixo cinco dicas do especialista para prevenir o consumismo na infância:Seja um bom exemplo. “O comportamento dos pais é a principal referência para as crianças”, explica Colombini. Se o lazer familiar gira em torno de compras, a criança vai aprender que essa é uma forma de diversão. Para combater isso, é importante diversificar as atividades familiares, com programas ao ar livre, com atividades físicas e contato com a natureza, por exemplo, além de evitar que o consumo se torne a principal fonte de entretenimento.
Estabeleça limites claros. O psicólogo ressalta a importância de estabelecer regras para presentes e compras. "Direitos vêm com deveres. As crianças precisam entender que há momentos apropriados para ganhar recompensas e que nem tudo pode ser comprado a qualquer momento", sugere. Isso ajuda, inclusive, no desenvolvimento da paciência e autocontrole, habilidades essenciais para lidar com frustrações. Controle o uso de telas. O especialista destaca que a exposição excessiva às telas influencia diretamente o comportamento de consumo. "Crianças que passam muito tempo vendo propagandas e influenciadores que promovem produtos acabam associando o ato de comprar com felicidade e sucesso", alerta. O ideal é limitar o tempo de tela e monitorar o conteúdo que elas acessam, o que pode ser feito por meio de aplicativos gratuitos.
Eduque sobre o consumo consciente. Desde cedo, as crianças devem aprender sobre o valor do dinheiro e a importância de consumir de forma consciente. "Os pais podem usar sistemas de recompensas, como pontos ou pequenas mesadas, para ensinar as crianças a conquistar as coisas por meio de seus esforços, ajudando a desenvolver uma relação saudável com o consumo", explica Colombini.
Esteja atento aos sinais. É fundamental que os pais mantenham uma relação afetiva próxima com seus filhos, observando mudanças comportamentais. "Se a criança apresenta reações agressivas ou impulsivas ao receber um 'não' para compras, ou se passa a fazer constantes comparações com amigos sobre o que tem ou não tem, é importante prestar atenção", orienta Colombini. Um diálogo aberto, sem julgamentos ou punições, é crucial para entender o que está motivando esses comportamentos.
Filipe Colombini: psicólogo, fundador e CEO da Equipe AT, empresa com foco em Acompanhamento Terapêutico (AT) e atendimento fora do consultório, que atua em São Paulo (SP) desde 2012.

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